Gino Bartali tornou-se uma lenda do ciclismo italiano, além de um grande campeão tornou-se um herói de guerra. Bartali venceu duas vezes o Tour de France, uma antes da guerra e outra depois. Bartali nasceu nos arredores de Florença, em 1914, na zona rural da Toscana, de família muito humilde e simples, um dos seus prazeres desde pequeno era andar de bicicleta.
Lenda do ciclismo
Bartali iniciou sua carreira profissional aos 20 anos, e rapidamente ganhou fama entre os italianos, era apelidado de “Rei do Ciclismo”. O primeiro título veio antes da Segunda Gerra Mundial, no ano de 1938. Dessa maneira, sua fama quebrou barreiras e se espalhou por toda a Europa.
Apesar se ter uma personalidade muito forte, Bartali detinha princípios morais elevados. Mas também, uma religiosidade acentuada, cultuava os princípios do Catolicismo, conduzia sua vida e de sua família sobre forte rigor moral.
Fascismo na Itália, tempos de opressão.
Bartali conquistou o seu primeiro título do Tour de France, em 1938. Porém, Bartali não dedicou a sua vitória a Benito Mussolini, ditador italiano da época. Isso era um costume dos atletas para enaltecer o sistema fascista.
Bartali sabia dos riscos de contrariar o Fascismo Italiano. Mas Bartali não recuou, nem mesmo se rendeu aos abusos do sistema, foi além, muito além de somente um ciclista.
Lenda do ciclismo torna-se herói de guerra
O ano era de 1939, dava início a Segunda Guerra Mundial, uma guerra avassaladora e mortífera. Mas a Itália entra na guerra, inicialmente ao lado da Alemanha. Bartali foi recrutado pelo exército italiano para atuar como mensageiro de guerra. Usaria sua bicicleta para percorrer a Itália com as mensagens de guerra.
Em 1943 a Itália muda de lado e se une aos Aliados, lutando contra a Alemanha. Por conseguinte, sofre a ocupação da Alemanha, e em virtude disso, a Alemanha passou a perseguir os judeus que moravam na Itália. A Alemanha, nesse período, deportou mais de 10 mil judeus para campos de concentração.
A missão
A pedido da igreja Católica, por meio do Cardeal de Florença, Bartali passou a auxiliar o povo judeu a fugir da perseguição dos alemães. Sendo assim, usou de seu prestígio como ciclista, ele conseguia passar pelos postos de controle, fortemente vigiados.
A sua missão era transportar documentos de identidade falsos, por um percurso de mais de 200 quilômetros, entre as cidades de Florença e Assis. Entretanto, todo esse percurso era feito por meio de sua bicicleta.
Conforme dados da II Sole – 24 Ore, Bartali teria realizado, ao menos, 40 viagens. Ele escondia os documentos, no guidão e no canote da bicicleta. Além disso, ele também era responsável por tirar dinheiro na Suíça e distribuir para as famílias judias. Bartali ainda foi capaz de esconder um amigo em sua casa, mesmo sabendo do elevado risco de ser executado.
Fim da guerra
A guerra terminou em 1945, muitos duvidavam da capacidade física e mental de Bartali, gravemente abalada nos anos de guerra, acreditava-se ser impossível voltar as pistas e ainda sair vitorioso. Todavia, contra tudo isso, e para a felicidade dos seus fãs, Bartali não só voltou as pistas, como também, conquistou o seu segundo titulo do Tour de France, em 1948.
Apesar da sua elevada contribuição para salvar centenas de judeus, seus feitos só vieram a tona no ano 2000. No entanto, foi somente em 2010, que Bartali foi oficialmente declarado Justo entre as nações por Yad Vashem, em Israel. Um prêmio como reconhecimento a todos os não judeus que durante a guerra se arriscaram para salvar vidas de judeus perseguidos pelo regime nazista.
Certamente seu legado será eterno, e em suas próprias palavras a seu filho ele disse: “Se você é bom em algum esporte, eles prendem as medalhas na sua camisa e depois elas brilham em algum museu. Aquilo que se ganha praticando boas ações fica ligado à alma e brilha em outro lugar.”
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